Como o corpo negro e indígena é visto e percebido na escola?  Esse foi um dos questionamentos que levou a administradora escolar Juliane Nacari Magalhães e a professora de história Nailze Pazin a convidarem a professora de espanhol Janete Elenice a realizar um ensaio fotográfico com membros da Escola Beatriz de Souza Brito. Viraram modelos estudantes, familiares e funcionários, que se se declaram pretos, pardos e indígenas.
A mostra “Nossos corpos existem e resistem” fará parte do Seminário Étnico-racial que ocorrerá no dia 11 de novembro na escola do bairro Pantanal.
As fotos ficarão expostas durante todo mês em comemoração ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro), data atribuída à morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros da resistência ao sistema escravocrata colonial implementado no Brasil.
A professora Janete, que dá aulas na Escola Básica Municipal Costa de Dentro, já realizou projetos e palestras semelhantes em outras unidades educativas  da Prefeitura e do Governo do Estado.
A produção do ensaio fotográfico é uma ação que tem o intuito de prestigiar a beleza negra e indígena e retratar em fotografias a diversidade e a existência das múltiplas identidades da Escola Beatriz de Souza Brito.
Além disso, abre espaço para debate sobre a ancestralidade afro-brasileira, oportunizando que crianças e adolescentes questionem padrões de beleza.  Assim sendo, sementes antirracistas estão sendo plantadas.
Para Janete Elenice Jorge, uma apaixonada por fotografia, foi difícil selecionar algumas peças entre as 400 fotos produzidas. “É impossível não ver a força e beleza contidas na diversidade das imagens”.
A professora trabalha com educação de relações étnico-raciais (ERER) e fotografia desde 2015. Mas, segundo Janete, cada trabalho é uma experiência única e sempre a emociona”.
 Ela salienta que como mulher branca e ciente dos privilégios de sua  branquitude, acredita ser de extrema importância falar de racismo.  “Um assunto que ainda hoje é abordado como um problema exclusivo das pessoas negras e indígenas.  É imprescindível discutir o privilégio branco e esse é o meu lugar de fala”.
Para o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, um dos efeitos mais perversos do racismo estrutural é naturalizar hierarquizações raciais. “Essas hierarquias se tornam invisíveis e, como tal, tendem a ser reproduzidas por nós sem que sequer nos darmos conta disso”.
 O secretário afirma que a formulação de um padrão de beleza e do que é feio não é natural.  “É preciso problematizar a construção histórica da imagem negativa da população negra e a fotografia é, sem dúvidas, um poderoso instrumento de problematização”.
A luta é diária
A Escola Municipal Beatriz de Souza Brito trabalha a Educação para as Relações Étnico-Raciais durante todo o ano letivo com ações pedagógicas específicas para uma educação antirracista através do projeto “Ubuntu: eu sou porque nós somos” e do Grupo de Estudos Sankofa.
Para a professora de história Nailze Pazin que coordena o projeto e o grupo de estudos,  “o preconceito racial cria um estigma, uma marca, uma relação perversa e negativa quanto a tudo o que diz respeito ao não branco, às suas formas de ser e de significar o mundo. Se desejamos uma sociedade com justiça social, é imperativo transformarmos nossas escolas em um território de equidade, acolhimento, respeito e afetividades”.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO SEMINÁRIO ÉTNICO- RACIAL DA EBM BEATRIZ DE SOUZA BRITO
11 DE NOVEMBRO-SEXTA-FEIRA
8h às 11h45
– O Beatriz pela equidade racial: Projeto Ubuntu e Grupo de Estudos Sankofa (Profa Dra.
Naílze Pazin/História)
– Relato de experiência “O Diário de Pilar na África” (Turma 61/Profa Dra. Renata Lopes
Pedro/Língua Portuguesa)
– A ascestralidade futurista no filme Pantera Negra (Turma 71/Professora Dra. Naílze
Pazin/História)
– Diversidade cultural indígena no Brasil (Laura Parintintin, Fernanda Parintintin, Thaira Priprá
e Rhadja – Povo: Xokleng Laklãnõ)
13h às 17h
– Do projeto da escola à realidade da sala de aula: aprendendo com Carolina Maria de Jesus
(Turmas 51 e 52/Profa Júlia Larissa Borges Barcella /Auxiliar de Ensino)
– Exibição do documentário “Toque de Melanina – Legado de Resistência” (Profa Dra. Maria
Aparecida Rita Moreira – SED/SC)
– Apresentação “Lutando contra o racismo” (Turma 82/Professora Dra. Naílze Pazin/História)
– Conquista, diversidade e racismo: os 10 anos da Lei de Cotas e os próximos desafios
 (Caroline Fernandes – Jornalista NSC)
– Por uma educação antirracista: um relato de enfrentamento ao racismo no espaço escolar.
(Profa Dra. Janete Elenice Jorge – PMF e SED/SC)
OFICINAS
– Oficina de percussão “O batuque é nosso”/Matutino (Érick de Almeida Dijkstra)
– Oficina de Capoeira /Matutino (Anderson José Libânio)
– Oficina “Grafismos Indígenas”/Vespertino (Povo: Xokleng Laklãnõ)
– Oficina de Máscaras Africanas/Vespertino (Artista plástico Marcelo Serafim)
Atividade Literária “Antonieta”/ Matutino (Profa Dra. Eliane Debus)
MURAIS
* Jogos de raciocínio lógico: Adugo/Jogo da onça – Origem Indígena (Turmas 41 e 42).
Pulijudam/Tigres e Cordeiros – Origem Indiana (Turmas 51 e 52)
* Eu sou daqui, eu sou de lá: aspectos culturais entre Brasil e África. (Turmas 41 e 42)
* O que aprendemos sobre a África? (Turmas 51 e 52)
* Personalidades Negras no Brasil (Turma 72)
* População Índígena no Brasil (Clube do Conhecimento – Anos Finais)
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
 “Nossos corpos existem e resistem. Beleza negra e indígena na Escola Beatriz de Souza Brito”