Foram necessários 100 anos de espera para que elas também tivessem voz. Apesar de a primeira eleição no Brasil República ter acontecido em 1891, a luta das mulheres pelo direito ao voto vem do século 19, quando ativistas pediram para participar das eleições locais, o que foi negado pela assembleia geral legislativa, formada só por homens.
Com a queda da coroa, o movimento ganhou força novamente, mas ainda foram necessárias quatro décadas para que ele surtisse efeito. foi só em 1932 que o então presidente getúlio vargas assinou um decreto permitindo o voto feminino. as mulheres votaram, e concorreram, pela primeira vez no ano seguinte e, em 1934, a nova constituição assegurou de vez esse direito.
A advogada Marília Bueno explica que na época existia uma cultura social de que a mulher não poderia ocupar os espaços públicos. “O espaço destinado à mulher era sempre o espaço privado, ou seja, o serviço doméstico e os cuidados com os filhos”, complementa.
Noventa anos depois, elas são mais da metade do eleitorado brasileiro. Só nas eleições de outubro, 77 milhões de mulheres deverão ir às urnas para fazer democracia. Mas, apesar de números tão relevantes, a participação feminina na tomada de decisões ainda é muito pequena. Para se ter uma ideia, só 15% dos parlamentares da câmara dos deputados são mulheres, números quase iguais aos do senado. E não precisa ir muito longe para ver essa diferença. Aqui em Balneário Camboriú, por exemplo, dos 19 vereadores da câmara só um é mulher.
Para mudar esse quadro é preciso estimular a participação das mulheres, especialmente as jovens, na política. Marília explica que a melhor forma de aumentar a representatividade feminina é começando na base, com debates e atividades nas escolas. “É um bom campo para semearmos a política para os nossos adolescentes, para que as meninas também possam criar esse interesse e entender que esse é um espaço que a mulher pode e deve ocupar”, finaliza.