Não é problema. Problema é o que Hospital Ruth Cardoso e o Hospital Marieta Konder vivenciam há anos. O que acontece agora é um flerte com o colapso. Os hospitais regionais já não tem mais leitos de UTI disponíveis e o Centro de Acolhimento e Tratamento a Covid-19 de Balneário Camboriú já dá sinais de que não vai suprir a demanda.
Cabe ressaltar, é claro, a agilidade de gestão atual em abrir as portas do espaço e decretar ações severas de prevenção ao Coronavírus. Mas a medida que os casos aumentam, o entusiasmo da equipe de servidores diminui. Hoje, com 311 casos e somente 10 leitos de UTI do SUS disponíveis, a prefeitura se concentra em atividades que quase beiram a normalidade.
“Não podemos baixar a guarda”, disse o prefeito. Mas que guarda? Com a praia liberada, comércio aberto e falta de fiscalização no uso de máscaras, “baixar a guarda” é simplesmente entregar a cidade nas mãos da pandemia.
Para não sermos hipócritas, tratemos agora de outro grande responsável por esse flerte perigoso: o Governo do Estado. Desde o início da quarentena, em 18 de março, as promessas não passaram de palavras que foram levadas junto com as 109 vidas catarinenses. O hospital de campanha de Itajaí não saiu do papel, os respiradores comprados da empresa Veigamed não tem previsão para chegarem aos seus destinos finais e os aparelhos importados da China “não tem garantias”, de acordo com o próprio governador.
Com isso, surgem novos “problemas” que em nada contribuem para a situação. Embate com o Ministéro Público, processo de Impeachment, desentendimentos com o Tribunal de Justiça e criação de uma CPI são apenas alguns dos “mimos” que os catarinenses receberam do Governo Estadual nos últimos dias.
Enquanto isso, a saúde do Vale do Itajaí agoniza em qualquer leito, que não seja um de UTI. Cabe ao povo pagar o preço desse flerte que já passa dos limites. Seja por pré-campanha ou por próprias convicções, é necessário mudar as atitudes. Já temos um Governo Federal que não contribui. Não precisamos da mesma negligência dos governantes locais.